FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil 4. Ed.
INTRODUÇÃO
- “Os solos ácidos e as intempéries naturais destroem boa
parte dos registros de presença humana” (6).
- “Quanto aos escritos dos primeiros séculos de colonização,
além de lacunares, precisam ser lidos com cuidado. É preciso lê-los
criticamente, pois neles se misturam os medos e os desejos dos colonizadores,
que buscam descobrir ouro, catequizar os gentios, ocupar a terra, escravizar os
nativos” (idem).
UMA VISÃO CONTINENTAL
- Os povos indígenas da América do Sul eram bastante
articulados antes da chegada dos europeus (7).
- Julian Steward na década de 1940 criou uma divisão dos
índios do continente em povos nômades, caçadores-coletores sem grande
organização que habitavam o litoral e regiões como a do Chaco, índios da região
amazônica, com uma maior organização, mas sem um poder central e por fim os
impérios andinos onde havia um poder central e grande estratificação social,
além de uma centralização teriam uma administração pública e sistemas de
cobrança de tributos mais evoluídos, estando assim num suposto “topo” do
desenvolvimento indígena.
- Basicamente essa divisão ficou conhecida como “povos das
terras baixas e povos das terras altas”, sendo estes últimos melhores.
- A expansão inca começou no século XIV e estima-se a
população de 10 milhões de pessoas em seu ápice, além de ter ocupado território
do sul da atual Colômbia ao norte do Chile.
- O Império era dividido administrativamente.
- Os tributos eram pagos em forma de trabalho no exército ou
nos campos de propriedade do Estado.
- Eles tinham mais de 30 mil quilômetros de estradas. As
comunicações eram transmitidas via mensageiros já que não havia escrita, mas um
sistema de nós em cordas chamado quipu,
que servia para estatísticas e para memorizar e recontar histórias e mitos
(13).
- A principal língua do império era o quéchua.
- A varíola teria chegado no império antes mesmo de
Francisco Pizarro e isso contribuiu para desestabilizá-lo.
- Quando um imperador Inca morria, seus bens não eram
transferidos para os herdeiros. Isso forçava os novos imperadores a manterem
uma política de constante expansão do império. Parentes do morto, conhecidos
como panacas tinham que cuidar dos
bens e do culto à múmia do morto (15).
- Os panacas tinham poder dentro da estrutura incaica.
Huascar e Atahualpa tentaram dividir o império e acabar com esse sistema e isso
levou a uma guerra civil. Atahualpa venceu, mas saiu enfraquecido, facilitando
o domínio de Pizarro.
SOB AS ALTAS MONTANHAS, A NATUREZA
- Como já foi dito, povos das “terras altas” e das “terras
baixas” mantinham constante contato, ou seja, houve hibridismo, não podendo se
dizer em inferioridade e superioridade.
- Os índios da Amazônia construíam tesos, que eram aterros
feitos nos grandes rios da região. A maioria tinha entre 1 e 3 hectares, mas
outros foram bem maiores e serviram de habitação para milhares de pessoas. Além
disso, a cerâmica marajoara é outro exemplo da evolução desses povos.
- Meggers e Evans na década em 1950 levantaram a hipótese de
que o povo marajoara não seria autóctone da Amazônia. Eles seriam evoluídos
porque teriam vindo da região Andina e involuíram justamente por terem ido para
a Amazônia entre os séculos IV e V d. C.
- Essa hipótese é equivocada pois, há traços de que eles
evoluíram. Além disso, se eram evoluídos, porque involuiriam? Não seria mais
óbvio que eles tivessem conseguido se adaptarem ao meio?
- Ainda é um mistério como os marajoaras acabaram.
O NOSSO NILO
- Lathrap defende que na verdade a Amazônia foi um polo de
desenvolvimento tendo inclusive fornecido material humano para o povoamento de
outras regiões do continente.
- Cerâmicas de mais de 8 mil anos já foram encontradas na
região de Santarém, comprovando o longo período de povoamento da região por
sociedades organizadas.
NO REINO DOS CACIQUES
- No cacicado, um povo seria liderado por um cacique. Este
não tinha para si um corpo administrativo fixo, tampouco exército. Em caso de necessidade
eram mobilizados.
- O termo “cacique” vem de “kashik”, expressão que os índios
taino (os primeiros a entrarem em contato como Colombo) usavam parra se
referirem aos seus chefes.
A VÁRZEA NA HISTÓRIA
- Os primeiros relatos europeus são difíceis de acreditar
devido aos constantes juízos de valor e as recorrentes fantasias. Entretanto
ajudam a entender um pouco a organização dos índios nas várzeas. Havia
aglomerações de até 7Km nas margens de rios. Os relatos falam também de fartura
de alimentos, o que demostra uma interessante organização para o plantio,
colheita e criação de animais.
- Ainda há dúvidas se houve sucessivas ocupações ou uma
grande ocupação na região amazônica.
- Os prisioneiros de guerra indígenas ou eram executados ou
então incorporados à dinâmica da tribo vencedora. Não eram vistos como escravos
no modelo clássico. Não podiam ser vendidos, conviviam com os demais e vários
até se casavam com membros da tribo vencedora. Foi o europeu que enxergava
“escravo” em todos lugares, pois isso lhes interessava, afinal, eles só podiam
comercializar um índio que já fosse escravo.
FORTES ENTRE CANAIS
- Na região do Alto Xingu, havia sedentarização e uma
sociedade hierarquizada, mas não um governo central.
A TERCEIRA MARGEM
- Steward analisou de forma equivocada os povos do cerrado
como inferiores, quando na verdade desenvolveram assentamentos fixos bem
estruturados entre outras características que passam longe disso.
ÀS MARGENS DO MAR
- Os guaranis focavam a produção de milho enquanto que os
tupinambás era a mandioca.
- Ambos os povos tinham grande habilidade na produção de
canoas.
- As doenças foram catastróficas para os índios no início da
colonização. Só em 1562 por exemplo, 30 mil índios morreram na Baía de Todos os
Santos.
CRONOLOGIA
- A evidencia mais antiga da ocupação da Amazônia é de cerca
de 9000 a.C.
- As cerâmicas mais antigas já encontradas são de 5000 a.C.
- Ente 300 e 400 surgem aterros na ilha de Marajó.
- Em 800 aldeias circulares no Brasil Central.
- Em 1400 a sociedade marajoara desapareceu.
- Entre 1541 e 1542 ocorreu a primeira expedição europeia de
descida do rio Amazonas. Ela foi descrita pelo frei Gaspar de Carvajal.
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