terça-feira, 14 de julho de 2020

SCHOPENHAUER, Arthur. 38 estratégias para vencer qualquer debate. Camila Werner [trad.]. Faro Editorial.


- “ [...]a verdade objetiva de uma argumentação e sua aceitação pelo oponente e pelo ouvinte são coisas diferentes. (A lógica tem a ver com o conteúdo da argumentação e a dialética tem a ver com o convencimento dos demais.)” (16)
A base de toda dialética
- Uma tese pode ser refutada de duas formas: atacando a própria ou atacando quem a profere. Ela pode ser contestada de forma direta (é errada) ou indireta (pode estar errada).
- Pode-se concordar com uma premissa exposta e compará-la à outra (verdadeira ou falsa) e utilizar o resultado para refutar a tese inicial.
- “ [...]em cada disputa ou discussão sobre qualquer assunto devemos concordar em uma coisa; e com isso, como princípio, devemos estar dispostos a julgar o assunto em questão. Não podemos discutir com quem nega princípios” (25).
ESTRATÉGIA 1: Generalize as afirmações do seu oponente
- “CONSISTE EM LEVAR a afirmação do oponente além de sua fronteira natural, tomá-la e interpretá-la da maneira mais ampla e generalista possível e exagerá-la; ou pelo contrário, toma-la no sentido mais restrito possível, fechá-la nos menores limites possíveis, porque quanto mais geral se torna uma afirmação, mais ataques ela pode receber. A defesa precisa focar na afirmação exata dos puncti ou status controversiae.” (27)
ESTRATÉGIA 2: Homonímia — Mude os significados das palavras-chave do oponente
- Usar palavras parecidas com funções diferentes  ou fora do contexto para depois refutar a tese apresentada.
ESTRATÉGIA 3: Confunda a argumentação
- “OUTRA ESTRATÉGIA é interpretar a afirmação estabelecida de maneira relativa, κατα τι, como se tivesse sido feita de maneira geral e absoluta, ἁπλως, ou pelo menos em um sentido completamente diferente, e então refutá-la pelo sentido que o falante não quis. O exemplo de Aristóteles é o seguinte: o mouro é negro, entretanto os dentes são brancos; assim ele é negro e não negro ao mesmo tempo. Esse é um exemplo inventado, que ninguém levaria a sério: peguemos então um da experiência real.” (31)
- Basicamente é lançar uma interpretação que não tem nada a ver com o desenvolvimento e a conclusão real.
ESTRATÉGIA 4: Prepare o caminho, mas oculte a conclusão
- Basicamente é não “dar spoiler” da conclusão, para que dessa forma a pessoa não vá se preparando para refutá-la.
ESTRATÉGIA 5: Use as premissas do seu oponente contra ele
- Basicamente jogue uma mentira no mentiroso, ou jogue uma mentira mesmo que ele tenha dito a verdade.
ESTRATÉGIA 6: Mude as palavras do oponente para confundi-lo
- Semelhante a Estratégia 3.
ESTRATÉGIA 7: Faça o oponente concordar de forma indireta
- “A ideia é fazer muitas perguntas amplas de uma vez para esconder o que se quer que o oponente admita e, além disso, apresentar rapidamente o argumento resultante de suas admissões; assim, quem é lento para compreender não consegue acompanhar com exatidão e deixa passar os possíveis erros ou falhas na demonstração.” (36)
ESTRATÉGIA 8: Desestabilize o oponente
- “AO PROVOCAR RAIVA o oponente sai fora de seu equilíbrio e racionalidade para julgar corretamente e perceber a própria vantagem. É possível fazê-lo ficar com raiva por meio de repetidas injustiças, de algum tipo de truque e pela insolência.” (37)
ESTRATÉGIA 9: Disfarce seu objetivo final
- Semelhante a 4.
ESTRATÉGIA 10: Use a psicologia da negação
- “Q UANDO SE PERCEBE que o oponente nega de maneira proposital (e infantil) as afirmações cuja aprovação seria usada para a nossa frase, deve-se perguntar o oposto da oposição utilizada, como se estivéssemos ansiosos por sua aprovação; ou deve-se pelo menos apresentar as duas para escolha, para que ele então não perceba qual frase queremos que seja aprovada.” (39)
ESTRATÉGIA 11 Tome um conceito geral para o caso particular
- O título é auto-explicativo. Também podemos utilizar de forma inversa: usar de uma exceção para justificar a regra.
ESTRATÉGIA 12: Uso sutil dos vocábulos — renomeie as mesmas palavras
- A estratégia é usar termos positivos ou negativos como forma de deixar logo de cara o oponente encurralado.
ESTRATÉGIA 13: Apresente uma segunda opção inaceitável
- Nesta também o título é auto-explicativo.
ESTRATÉGIA 14: Acuando os tímidos
- Seria “dar uma conclusão” ao que o oponente alega. Se ele for tímido ou burro ele tenderá a aceitar.
ESTRATÉGIA 15: Utilize paradoxos — para situações difíceis
- Seria dizer uma “meia-verdade” e ver no que dá.
ESTRATÉGIA 16: Desqualifique o argumento do outro
- É indicado apontar incoerências, mesmo que ridículas, na fala do outro.
ESTRATÉGIA 17: Faço uso da dupla interpretação
- Quando for confrontado, pegue um pequeno detalhe da afirmação do oponente para contrapor o ponto de vista.
ESTRATÉGIA 18: Mude o curso; interrompa antes da perda certa.
- Essa é muito boa. SE você sentir a derrota, encontre uma brecha para mudar de assunto ou puxe outras pessoas para a discussão. Esta última é um pouco arriscada.
ESTRATÉGIA 19: Desfoque; depois encontre uma brecha
- Essa reforça outras: dê respostas bastante genéricas se sua argumentação está em baixa.
ESTRATÉGIA 20: Não arrisque num jogo ganho
- Se a pessoa já engoliu o seu argumento, não fique voltando nele.
ESTRATÉGIA 21: Use as mesmas armas
- Se o oponente baixou o nível, vá junto com ele.
ESTRATÉGIA 22: Reduza a força do argumento principal
- Também semelhante a outras estratégias: despreze o principal e foque em detalhes.
ESTRATÉGIA 23: Provoque o oponente
- Cuidado com exageros, pois eles podem abrir a guarda para o oponente.
ESTRATÉGIA 24: Torne a alegação do outro inconsistente
- Autoexplicativo.
ESTRATÉGIA 25: Use a exceção para destruir a tese
- Redundante.
ESTRATÉGIA 26: Reforce um aspecto no oponente; depois destrua o seu valor.
- Seria um “assopra e bate”, ou seja, elogie parte do argumento antes de ataca-lo.
ESTRATÉGIA 27: Deixe o seu oponente desequilibrado
- Se sentir que o oponente ficou bravo ou desestabilizado em algum ponto, reforce-o para força-lo ao erro.
ESTRATÉGIA 28: Ganhe a simpatia da audiência e ridicularize o adversário
- Esta é muito útil quando a plateia é formada pelo “cidadão médio”. O oponente faz uma afirmação muito bem embasada, porém difícil de entender. Então ela é desmontada com uma piada ou frase de impacto, tornando difícil trazer de volta o público para o seu lado.
ESTRATÉGIA 29: Não se importe em fugir do assunto se estiver a ponto de perder
- Se a coisa está feia, não tenha medo de pular fora do assunto, mas leve o oponente consigo.
ESTRATÉGIA 30: Aposte em credenciais e acue a todos
- “Esfregue” títulos na cara do oponente. Caso não tenha supostamente cite quem tenha.
- “[...] é raro um homem que ensine uma disciplina a conheça bem, pois se fosse um profundo estudioso não teria tempo para ensinar.” (62)
- “Os leigos têm um respeito peculiar por um floreio em grego ou em latim.” (62)
- “ [...]a maioria das pessoas não está com o livro por perto e também não saberia como lidar com ele se o tivesse.” (62)
- “Preconceitos em geral também são utilizados como autoridade. A maioria das pessoas pensa como Aristóteles ἁ ̔ μεν πολλοις δοκει ταυτα γε εινειφαμεν [o que parece muito certo, dizemos que está certo]. Sim, não existe ideia, por mais absurda que seja, que as pessoas não tomem como suas com tanta facilidade e tão logo se convençam de que tal coisa é adotada de maneira geral. O exemplo lhes influencia o pensamento e as ações. O exemplo lhes influencia o pensamento e as ações. São ovelhas que seguem o pastor aonde ele for: para elas é mais fácil morrer do que pensar.” (63)
- “A universalidade de uma ideia, para falar a verdade, não prova nada, nem mesmo é motivo de probabilidade de sua validade. Aqueles que defendem isso devem assumir que 1. A distância no tempo priva qualquer universalidade de sua força demonstrativa; se fosse o contrário, todos os velhos erros que uma vez foram tomados universalmente como verdadeiros seriam lembrados. Por exemplo, o sistema ptolomaico precisaria ser restabelecido, ou o catolicismo em todos os países protestantes; 2. Que a distância espacial tem o mesmo efeito, senão a universalidade respectiva de uma opinião entre os seguidores do budismo, do cristianismo e do islamismo os poriam em apuros. (Segundo Bentham, Tactique des assemblées législatives, vol. II, p. 76.)” (63)
- “Em resumo, poucos conseguem pensar, mas todos querem ter opiniões — o que resta a não ser pegá-las prontas dos outros em vez de formar as suas próprias?” (64)
ESTRATÉGIA 31: Complique o discurso de seu oponente
- Estratégia boa. Se a plateia estiver do seu lado, você pode também ser um falso humilde. Por exemplo, finja que não entendeu o assunto se saindo com: “você realmente é uma pessoa muito inteligente para que eu discuta com você”.
ESTRATÉGIA 32: “Cole” um sentido ruim na alegação do outro
- A ideia aqui é destruir o que o outro propõe por meio de alguma interpretação maldosa ou mesmo mentira sobre o que ele defende, como por exemplo o material anti-homofobia que Bolsonaro transformou em “kit-gay”.
ESTRATÉGIA 33: Invalide a teoria pela prática
- Autoexplicativo.
ESTRATÉGIA 34: Encontre e explore o ponto fraco
- Quando a pessoa não responde ou responde de forma indireta ela mostrou um ponto fraco que deve ser atacado.
ESTRATÉGIA 35: Mostre ao seu oponente que está lutando contra os próprios interesses
- Esta é bastante complicada de colocar em prática, mas quando se consegue “é caixa!”.
ESTRATÉGIA 36: Confunda e assuste o oponente com palavras complicadas
- Essa tá na moda atualmente quando qualquer idiota acha que pode dar opinião sobre tudo.
ESTRATÉGIA 37: Destrua a tese boa pela prova frágil
- Observe alguma fragilidade do argumento e foque o ataque nela.
38 ÚLTIMA ESTRATÉGIA: Como último recurso, parta para o ataque pessoal.
- É o momento de apelar quando mais nada funcionou para atacar o oponente. Parta para o lado pessoal, agressão mesmo.



quinta-feira, 9 de julho de 2020

Fique esperto contra essas 10 tentativas de manipulação da mídia


Lembrando que essas estratégias são apontadas pelo talvez, maior intelectual vivo hoje, Noam Chomsky.

1 – Distração: por exemplo, estoura um escândalo de corrupção no governo e ao invés de a imprensa falar disso, prefere dar destaque para um escândalo sobre uma celebridade.

2 – Problema reação-solução: basicamente é sabotagem de serviços públicos. Imagine que a empresa de água do seu município, comece a fornecer água barrenta para os moradores. O óbvio seria a prefeitura (ou governo do estado no caso da COPASA em MG ou CEDAE no RJ) resolvesse o problema. Mas aí, aparece um economista com uma solução “mágica”. Vender a empresa, porque o governo é corrupto, ineficiente, etc. Após a venda da empresa o que acontece? Geralmente o serviço continua ruim, só que mais caro.

3 – Gradualidade: primeiro o governante faz uma proposta absurda e depois supostamente atenua. Por exemplo. O governante anuncia que vai acabar com o direito a férias dos trabalhadores. Como os trabalhadores não iriam aceitar, haveria uma proposta “conciliatória” de “reduzir” de 25 para 20 dias as férias. Ou seja, o trabalhador perdeu com a impressão de que “ganhou”.

4 – Deferir: seria vender algo ruim como bom. Basta lembrar da Reforma da Previdência, aprovada em 2019 que a imprensa vendeu como boa pois iria garantir a aposentadoria de todos no futuro... Porém, ao custo de mais anos trabalhados e recebendo menos!

5 – Infantilizar: basicamente tratar adultos e adolescentes como idiotas para que eles apoiem as ideias que favorecem a elite.

6 – Recorrer a emoções: provocar medo, sensibilidade ou raiva nas pessoas para conseguir apoio.

7 – Ignorância: é uma espécie de “culto à burrice”, praticado com o oferecimento de educação de má qualidade e desprezo a cientistas, muitas vezes considerados “burros” ou “ideológicos” por políticos e líderes religiosos.

8 – Promover tendências: lembra o caso 1. Basicamente é criar uma “modinha”. Por exemplo, uma “dancinha”, uma “música” ou um novo estilo de roupa para as pessoas se preocuparem com isso, ao invés do que é realmente importante.

9 – Auto-culpabilidade: algo muito grave, praticado inclusive em algumas religiões que é o costume de culpabilizar o indivíduo por tudo que acontece em sua vida. Nem tudo é culpa exclusivamente sua! Será mesmo que você sendo pobre, teria a mesma chance de virar um mega empresário do que o filho de alguém que já é rico?

10 – Conhecimento profundo: é a negação de conhecimento ao povo em geral.



 Para saber mais

AS 10 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO EM MASSA, SEGUNDO NOAM CHOMSKY. In: A mente é maravilhosa. Disponível em: https://amenteemaravilhosa.com.br/estrategias-de-manipulacao-em massa/?utm_medium=post&utm_source=website&utm_campaign=featured_post Acesso em 9 de jul. 2020.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Resumo do livro "Os índios antes do Brasil" de Carlos Fausto


FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil 4. Ed.

INTRODUÇÃO
- “Os solos ácidos e as intempéries naturais destroem boa parte dos registros de presença humana” (6).
- “Quanto aos escritos dos primeiros séculos de colonização, além de lacunares, precisam ser lidos com cuidado. É preciso lê-los criticamente, pois neles se misturam os medos e os desejos dos colonizadores, que buscam descobrir ouro, catequizar os gentios, ocupar a terra, escravizar os nativos” (idem).
UMA VISÃO CONTINENTAL
- Os povos indígenas da América do Sul eram bastante articulados antes da chegada dos europeus (7).
- Julian Steward na década de 1940 criou uma divisão dos índios do continente em povos nômades, caçadores-coletores sem grande organização que habitavam o litoral e regiões como a do Chaco, índios da região amazônica, com uma maior organização, mas sem um poder central e por fim os impérios andinos onde havia um poder central e grande estratificação social, além de uma centralização teriam uma administração pública e sistemas de cobrança de tributos mais evoluídos, estando assim num suposto “topo” do desenvolvimento indígena.
- Basicamente essa divisão ficou conhecida como “povos das terras baixas e povos das terras altas”, sendo estes últimos melhores.
- A expansão inca começou no século XIV e estima-se a população de 10 milhões de pessoas em seu ápice, além de ter ocupado território do sul da atual Colômbia ao norte do Chile.
- O Império era dividido administrativamente.
- Os tributos eram pagos em forma de trabalho no exército ou nos campos de propriedade do Estado.
- Eles tinham mais de 30 mil quilômetros de estradas. As comunicações eram transmitidas via mensageiros já que não havia escrita, mas um sistema de nós em cordas chamado quipu, que servia para estatísticas e para memorizar e recontar histórias e mitos (13).
- A principal língua do império era o quéchua.
- A varíola teria chegado no império antes mesmo de Francisco Pizarro e isso contribuiu para desestabilizá-lo.
- Quando um imperador Inca morria, seus bens não eram transferidos para os herdeiros. Isso forçava os novos imperadores a manterem uma política de constante expansão do império. Parentes do morto, conhecidos como panacas tinham que cuidar dos bens e do culto à múmia do morto (15).
- Os panacas tinham poder dentro da estrutura incaica. Huascar e Atahualpa tentaram dividir o império e acabar com esse sistema e isso levou a uma guerra civil. Atahualpa venceu, mas saiu enfraquecido, facilitando o domínio de Pizarro.
SOB AS ALTAS MONTANHAS, A NATUREZA
- Como já foi dito, povos das “terras altas” e das “terras baixas” mantinham constante contato, ou seja, houve hibridismo, não podendo se dizer em inferioridade e superioridade.
- Os índios da Amazônia construíam tesos, que eram aterros feitos nos grandes rios da região. A maioria tinha entre 1 e 3 hectares, mas outros foram bem maiores e serviram de habitação para milhares de pessoas. Além disso, a cerâmica marajoara é outro exemplo da evolução desses povos.
- Meggers e Evans na década em 1950 levantaram a hipótese de que o povo marajoara não seria autóctone da Amazônia. Eles seriam evoluídos porque teriam vindo da região Andina e involuíram justamente por terem ido para a Amazônia entre os séculos IV e V d. C.
- Essa hipótese é equivocada pois, há traços de que eles evoluíram. Além disso, se eram evoluídos, porque involuiriam? Não seria mais óbvio que eles tivessem conseguido se adaptarem ao meio?
- Ainda é um mistério como os marajoaras acabaram.
O NOSSO NILO
- Lathrap defende que na verdade a Amazônia foi um polo de desenvolvimento tendo inclusive fornecido material humano para o povoamento de outras regiões do continente.
- Cerâmicas de mais de 8 mil anos já foram encontradas na região de Santarém, comprovando o longo período de povoamento da região por sociedades organizadas.
NO REINO DOS CACIQUES
- No cacicado, um povo seria liderado por um cacique. Este não tinha para si um corpo administrativo fixo, tampouco exército. Em caso de necessidade eram mobilizados.
- O termo “cacique” vem de “kashik”, expressão que os índios taino (os primeiros a entrarem em contato como Colombo) usavam parra se referirem aos seus chefes.
A VÁRZEA NA HISTÓRIA
- Os primeiros relatos europeus são difíceis de acreditar devido aos constantes juízos de valor e as recorrentes fantasias. Entretanto ajudam a entender um pouco a organização dos índios nas várzeas. Havia aglomerações de até 7Km nas margens de rios. Os relatos falam também de fartura de alimentos, o que demostra uma interessante organização para o plantio, colheita e criação de animais.
- Ainda há dúvidas se houve sucessivas ocupações ou uma grande ocupação na região amazônica.
- Os prisioneiros de guerra indígenas ou eram executados ou então incorporados à dinâmica da tribo vencedora. Não eram vistos como escravos no modelo clássico. Não podiam ser vendidos, conviviam com os demais e vários até se casavam com membros da tribo vencedora. Foi o europeu que enxergava “escravo” em todos lugares, pois isso lhes interessava, afinal, eles só podiam comercializar um índio que já fosse escravo.
FORTES ENTRE CANAIS
- Na região do Alto Xingu, havia sedentarização e uma sociedade hierarquizada, mas não um governo central.
A TERCEIRA MARGEM
- Steward analisou de forma equivocada os povos do cerrado como inferiores, quando na verdade desenvolveram assentamentos fixos bem estruturados entre outras características que passam longe disso.
ÀS MARGENS DO MAR
- Os guaranis focavam a produção de milho enquanto que os tupinambás era a mandioca.
- Ambos os povos tinham grande habilidade na produção de canoas.
- As doenças foram catastróficas para os índios no início da colonização. Só em 1562 por exemplo, 30 mil índios morreram na Baía de Todos os Santos.
CRONOLOGIA
- A evidencia mais antiga da ocupação da Amazônia é de cerca de 9000 a.C.
- As cerâmicas mais antigas já encontradas são de 5000 a.C.
- Ente 300 e 400 surgem aterros na ilha de Marajó.
- Em 800 aldeias circulares no Brasil Central.
- Em 1400 a sociedade marajoara desapareceu.
- Entre 1541 e 1542 ocorreu a primeira expedição europeia de descida do rio Amazonas. Ela foi descrita pelo frei Gaspar de Carvajal.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Economia, sociedade americana e a crise de 1929


A economia americana nos anos 1920
Os Estados Unidos havia sido o fiel da balança em prol de Inglaterra, França e aliados na I Guerra Mundial. Com isso tinha ser tornado a maior potência mundial. Mesmo assim a opção naquele momento foi o isolacionismo. Após o fim da guerra o país tinha se transformado no maior credor do mundo, e essa tendência só se acentuaria no decorrer da década.
Internamente os anos 1920 foram de vigorosa expansão econômica. A renda per capta saltou de US$ 660,00 para US$ 857,00 entre 1921 e 1929[1]. Nesse mesmo período a frota de automóveis havia subido de 8 para 23 milhões e o consumo de fogões, geladeiras e rádios tinham aumentado substancialmente. “Essa foi a primeira grande expansão econômica da história que mostrou as feições das futuras sociedades ocidentais; seu ímpeto e sua direção foram dados pelo mercado de consumo de massa”[2].
Houve também uma expansão do acesso ao crédito, que acabou irrigando o mercado de ações. O desemprego era baixo, em torno de 5%. Esse foi um período de defesa incontestável do liberalismo econômico.
Nesse período, apesar do baixo desemprego e do aumento da renda e do consumo, viu se um considerável aumento da concentração de renda. As desigualdades entre as regiões também se acentuaram. Enquanto no extremo oeste a renda per capta era de US$ 921,00 no sul era de US$ 365,00. Além disso, 1/3 das riquezas estavam concentradas nas mãos de 5% da população.
O país se fechava para os imigrantes, e suas exportações superavam em muito as importações. Com isso vários países tinham dependiam de empréstimos americanos para sanearem suas contas, como a Áustria. Havia também a Alemanha, que tinha sido empurrada numa teia francesa. Estes não aceitavam as manufaturas germânicas como forma de pagamento da dívida de guerra (que se não fosse por interferência americana seria de US$ 33bi.). Então só restava aos alemães pegarem anualmente altas quantias com os Estados Unidos para pagarem a dívida. Este artifício francês para prejudicar a recuperação alemã, acabava prejudicando toda a Europa.
A América reacionária
Nesse período os negros eram excluídos sob todos os aspectos da sociedade do consumo. A Ku Klux Klan, que havia ressurgido no final da década de 1910 pelas mãos do professor de História Willian Simmons ganha ainda mais força. Adicionaram o antissemitismo e o anticatolicismo ao racismo já existente na doutrina. Tinham se tornado ainda mais violentos. Estavam envolvidos em diversos assassinatos de negros, mas sempre contavam com a anuência dos tribunais. Só perdem força quando um importante membro da organização estupra e mutila uma mulher branca, que se suicida em seguida. Este acaba sendo condenado à prisão perpétua.
As bebidas alcoólicas são proibidas com a Emenda Constitucional nº 18 que Nova Iorque o número de bares salta de 15000 antes da lei para 32000[3] após a sua entrada em vigor. Além disso, a medida favoreceu o florescimento do crime organizado com o surgimento de figuras como Alphonsus Gabriel Capone, mais conhecido como Al Capone ou Scarface devido à uma cicatriz no rosto que ganhou numa briga de rua[4]. Ele compra praticamente toda a policia, poder executivo e judiciário da cidade de Chicago, e vários como ele surgem no país. Parte do seu dinheiro, e de outros grupos mafiosos passam a irrigar o mercado de ações.
O conservadorismo havia tomado conta também das escolas. No Estado do Tennessee, Johnny Scopes, um professor de biologia ousou desafiar o governo e os fundamentalistas protestantes e passou a ensinar os seus alunos o evolucionismo. Foi a um primeiro julgamento e condenado, mas no seguinte na Suprema Corte acabou sendo absolvido.
Talvez nada supere em termos de conservadorismo e covardia a condenação de Sacco e Vanzetti.  Ambos eram italianos e para suas desgraças anarquistas. Em maio de 1920, são acusados de roubo e assassinato. São preso com armas, mas naquela época (como ainda hoje) não havia nada de ilegal nisso. A perícia é forjada e o júri direcionado. O juiz Thayer desconsidera a confissão do verdadeiro culpado, Celestino Madeiros e ao final do julgamento no qual foram condenados à morte diz “ viu o que fiz com aqueles bastardos anarquistas”[5]. Protestos surgem em várias partes do mundo, a embaixada norte americana em Paris chega a ser atacada. É pedido o perdão ao governador do Estado de Massachusetts, e este passa a decisão a um grupo de três “sábios”, formado por dois estudantes de graduação e um juiz aposentado. Estes determinam a manutenção da pena.
É difícil não pensar que numa sociedade tão sufocante quanto esta, as pessoas não se voltassem para valores exclusivamente materiais, ainda que travestidos em benesses concedidas por Deus a quem se esforça. Essa sociedade conservadora e com falhas graves de caráter vai alimentando e sendo engolida por uma bolha que estouraria no final da década.

O caminho da crise
A febre por ações começa por volta de 1924. Não só as classes mais altas, mas também a classe média entrava firmemente no negócio. Havia a crença que podia se ficar rico sem muito esforço. Talvez influenciada pela bandidagem crescente no país, resultado da Lei Seca. A questão do enriquecimento fácil era verdade, mas só valia para alguns especuladores. Ano a ano o número de ações negociadas na bolsa aumentava firmemente. Havia dinheiro disponível para isso. Os bancos pegavam na Reserva Federal a juros de 5% e reemprestavam a 12%. Lucravam duplamente.
O mercado mostra sinais de instabilidade, a simples interrupção da fabricação do Ford T em 1927 já causou abalos no mercado, além disso, um ano antes havia estourado uma crise imobiliária na Flórida. Muitos, correndo atrás de dias quentes no inverno, passaram a comprar lotes na Flórida. A atividade de venda ganhos contornos especulativos, pedia-se um adiantamento de 10% para a compra de lotes muitas vezes a dezenas de quilômetros da praia. Um furacão varre várias cidades da região, assim como o sonho de muitos.
Os sinais de uma crise também eram vistos pelo governo, o próprio Presidente Hoover eleito em 1928 tentou agir, mas os estudiosos e a imprensa estavam do lado dos especuladores. E muitos políticos ganhavam dinheiro com isso. Como disse J.K. Galbraith: “E o centro da imoralidade não era os bancos, mas o mercado de ações. Era no mercado de ações que os homens jogavam não somente com o seu próprio dinheiro, mas com a riqueza do país”[6]
O ano de 1929 e o caminho para crise se acelera. Ela chega no final do ano, e ainda assim políticos especuladores e estudiosos, não percebem a gravidade da situação. Dias depois da perda de valor dos papéis, empresas de corretagem faziam propagandas anunciando que aquele era o melhor momento para comprar papéis devido ao valor.
A crise derruba a os intelectuais liberais, o partido republicano e os mais abastados e a classe média. Como conseqüência as classes populares também vão à ruína pois dependia dos empregos oferecidos por estes abastados. Os Estados Unidos param de investir na Europa, e estes não tem condições nem de comprar produtos americanos e nem de honrar os seus compromissos. A Alemanha chega a ter uma taxa de desemprego de 44%. Essa situação desesperadora acaba abrindo caminho para a vitória do então inexpressivo NSDAP, comandado pelo então ex-cabo e desconhecido Adolf Hitler.
Foram necessários 10 anos para economia americana se recuperar, mas esta só foi consolidada com a II Guerra Mundial. Mecanismos de controle do mercado foram criados, assim como alguns especuladores foram investigados e punidos. Essa crise destruiu o sonho de milhões de americanos sem acesso a previdência então inexistente e jogou o mundo no caminho para o confronto mais sangrento de todos os tempos.
Conclusão
Um sociedade conservadora, onde imperava valores protestantes muitas vezes ultra radicais, nos quais se via auxílio social como algo errado pois as conquistas tinham que vir do trabalho, e por outro lado um alto índice de corrupção podem ter moldado a crise. Ao mesmo tempo em que parece existir essa relação, é um pouco complexa de se comprovar, mas o exercício do historiador também é lançar questões, sem necessariamente chegar a uma conclusão acabada.


Bibliografia
GALBRAITH, John Kenneth. O colapso da bolsa, 1929: anatomia de uma crise. 2º Ed. Pioneira, São Paulo, 1979.
HOBSBAWN, Eric J. A era dos extremos – O breve século XX, 1914 – 1989. 2º Ed.Cia. Das Letras, São Paulo, 2000.
Revista de História da Biblioteca Nacional, pg 25. Nº 68, maio de 2011.
ROBERTS, J.M. A nova era: a América dos anos 20. In: Enciclopédia História do século XX. Abril. São Paulo, 1974.


[1] História do Século XX. Pg. 1219.
[2] Idem.
[3] Idem pg. 1231.
[4] Revista de História da Biblioteca Nacional. Nº 68.
[5] Enciclopédia História do Século XX.
[6] O colapso da bolsa, 1929. Pg. 197.

sábado, 4 de julho de 2020

Breve História dos principais partidos políticos brasileiros (1831-2020)

No período em que a Corte Portuguesa esteve no Brasil (1808-1821) e logo imediato à independência do Brasil em 1822, existiram forças políticas comumente confundidas com partidos políticos. Eram o Partido Brasileiro e o Partido Português. O primeiro grupo era formado por membros das elites brasileiras favoráveis à independência e na defesa de seus interesses pessoais e o segundo grupo era formado por comerciantes, militares e nobres portugueses residentes no Brasil que eram contra a independência ou queriam manter os seus interesses após a independência.

No Período Regencial (1831-1840) surgiram partidos políticos organizados, com destaque para o Partido Liberal em 1831 e o Partido Conservador em 1836. Ambos eram partidos que defendiam os interesses dos grandes proprietários de terra e comerciantes. A única diferença entre estes partidos era que os liberais defendiam que aos poucos a escravidão fosse encerrada, já os conservadores resistiram por décadas.

Em boa parte da história do Brasil Império, o voto foi censitário, ou seja, só podia votar pessoas com rendas acima de 100 mil réis por ano. Mulheres e escravos também estavam excluídos do processo eleitoral. Apesar da alta exclusão, cerca de 13% dos homens livres tinham direito ao voto. É pouco comparado aos tempos atuais (mais de 70% dos brasileiros estavam aptos a votar em 2018), mas por incrível que pareça o Brasil não estava tão ruim comparado a outros países europeus. O historiador José Murilo de Carvalho apontou que no final do século XIX, 2% dos italianos tinham direito a voto, 7% dos ingleses, 2,5% dos holandeses e 9% dos portugueses.

Entretanto, as eleições brasileiras eram marcadas por fraudes na contagem de votos, ameaças e espancamentos de candidatos e eleitores e compra de votos. Tudo isso era facilitado pelo fato de o voto ser aberto (outros eleitores e o mesário viam em quem o eleitor votava). Ao invés de combater essas práticas, os políticos brasileiros criaram uma nova legislação eleitoral extremamente excludente, a Lei Saraiva de 1881 na qual os analfabetos foram proibidos de votar, reduzindo para 1% o número de votantes. A porcentagem sofreria poucas alterações até 1930.

Ainda durante o Brasil Império, surgiu o Partido Republicano Paulista, fundado na cidade de Itu em 1873. Com a proclamação da república em 15 de novembro de 1889, os partidos Liberal e Conservador foram dissolvidos, dando lugar a outros partidos regionais como o Partido Republicano Mineiro, Rio-grandense, além do Paulista que ganhou maior relevância.  O voto aberto e apenas para homens alfabetizados foi mantido.

Em 1922, fruto das mobilizações dos trabalhadores, principalmente a partir das greves de 1917 e dos desdobramentos da Revolução Russa, foi fundado o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que imediatamente foi colocado na ilegalidade. Na tentativa de burlar a lei, o partido lançou candidatos com o nome de Bloco Operário Camponês e chegou a eleger alguns vereadores e deputados, mas novamente foi colocado na ilegalidade.

Com a chegada de Getúlio Vargas ao poder em 1930, foi mantida a tradição de partidos políticos regionais, embora o processo eleitoral tenha se tornado mais limpo com a criação da justiça eleitoral, voto secreto e o voto das mulheres, aumentando para quase 20% o número de votantes, já que a proibição aos analfabetos foi mantida. No entanto, surgiram dois grandes partidos políticos nacionais, a Aliança Nacional Libertadora (ANL) de esquerda, formada pelos membros do PCB e liderada por um dos líderes da Coluna Prestes, o ex-tenente Luís Carlos Prestes e a Ação Integralista Brasileira (AIB) de extrema direita, com inspiração no fascismo italiano liderado por Plínio Salgado.

A ANL e a AIB protagonizaram violentos protestos de rua no início dos anos 1930 nas principais cidades brasileiras, em alguns casos tendo resultado em mortes. A ANL foi proibida, mas a AIB, por apoiar o governo Vargas foi mantida na legalidade. Em 1935 ocorreu a Intentona Comunista, tentativa de revolução comunista dos membros da ANL que acabou fracassando, apesar de terem chegado a dominar Natal-RN. Os líderes foram presos, incluindo Luís Carlos Prestes. Sua esposa, a judia-alemã Olga Benário foi presa grávida e deportada para a Alemanha Nazista. O bebê foi trazido para o Brasil, mas Olga morreu anos depois num campo de concentração. Em 1937, Getúlio Vargas com apoio de militares deu um golpe de estado que ficou conhecido como Estado Novo e a AIB também foi colocada na ilegalidade.

Em 1945 Vargas foi tirado do poder e o país entrou pela primeira vez num regime de fato democrático. Surgiram 15 partidos políticos, com destaque para os seguintes:
·       Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de centro-esquerda e formado por trabalhadores urbanos e camponeses, parte progressista da classe média e do empresariado;
·       Partido Democrático Social (PSD) de centro-direita formado por empresários, fazendeiros e parte dos trabalhadores que apoiavam Getúlio Vargas;
·       Partido Comunista Brasileiro (PCB) de extrema esquerda e pela primeira vez na legalidade, algo que só duraria até 1947;
·       União Democrática Nacional (UDN) de direita, formado por grandes fazendeiros, comerciantes e pela parte conservadora da classe média e das classes populares, contrários a educação pública, à reforma agrária e a ampliação de direitos sociais.
Com o golpe militar de 1964, os partidos políticos foram provisoriamente mantidos, sendo extintos em 1966. Os militares autorizaram a formação de apenas dois partidos políticos, a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), apoiadora dos militares e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), formado pelos opositores ao regime. É importante destacar que os militares fizeram isso somente para dar aparências, principalmente no exterior de que o Brasil vivia em normalidade democrática. Porém a realidade, claro não era essa. Qualquer político do MDB que fizesse uma crítica mais dura aos militares tinha o seu mandato cassado.
Graças as pressões tanto internas quanto externas, os militares aceitaram afrouxar o regime. Em 1979 foi aprovada a Anistia, permitindo a volta dos que haviam sido expulsos do Brasil nos primeiros anos da ditadura. No ano seguinte, uma reforma eleitoral permitiu a criação de outros partidos políticos. A ARENA se manteve unida e teve seu nome alterado para Partido Democrático Social (PDS) e o MDB deu origem a vários partidos, com destaque para:
·       Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) de centro, eram os membros do MDB que optaram por permanecerem unidos;
·       Partido Democrático Trabalhista (PDT) de centro-esquerda, formado por membros do PTB pré-1966, parte dos trabalhadores urbanos e rurais e de movimentos sociais, como o movimento negro, tendo como principal líder o ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola;
·       Partido dos Trabalhadores (PT) de esquerda e de forma inédita na história brasileira formado por uma base formada por trabalhadores urbanos e rurais, setores progressistas da classe média e da Igreja Católica, tendo como principal líder o sindicalista e líder grevista Luís Inácio da Silva, o Lula;
·       Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) formado numa manobra dos militares para impedir que a sigla fosse para as mãos de Leonel Brizola, ela foi concedida a Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio Vargas e o partido passou a levantar bandeiras de direita.
Desde então, dezenas outros partidos surgiram como o Partido Socialista Brasileiro (PSB), o Partido Verde (PV), o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) a Rede Sustentabilidade (REDE) o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PC do B) de esquerda, Partido da Frente Liberal, atual Democratas, uma dissidência do PDS, o Partido Liberal e o novo PSD de direita, além do Partido Social Liberal (PSL) e do Partido Novo (NOVO) de extrema direita. Vale um destaque para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), fundado como uma dissidência do PMDB à esquerda. Com o passar dos anos, o partido se tornou de direita.
Muitos acabaram com destaque para o Partido da Renovação Nacional (PRN), pelo qual Fernando Collor de Melo se elegeu presidente em 1989 e o Partido da Reconstrução da Ordem Nacional (PRONA) de Enéias Carneiro. Outros mudaram de nome. Um bom exemplo foi a ARENA, que mudou para PDS em 1980, depois para Partido Progressista Reformador (PPR), Partido Progressista Brasileiro (PPB), Partido Progressistas (PP) e recentemente apenas Progressistas. Essas mudanças nem de longe refletem mudanças na ideologia do partido, que sempre se manteve de direita ou centro-direita, quando apoiou os governos Lula e Dilma (2003-2016). Uma explicação pode ser o fato de que constantemente políticos do partido estarem envolvidos em escândalos de corrupção como os Anões do Orçamento (1993), Compra de votos para a reeleição (1997) Mensalão (2005), Sanguessugas (2006), Lava-jato (2014-2019), etc. Usando a linguagem popular, isso “queimava o filme” do partido forçando as trocas de nome para talvez enganar o eleitor mais desavisado.


Referência
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 16ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
FABER, Marcos. História dos partidos políticos no Brasil. 1ª ed. Porto Alegre: História Livre, s/d.

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