terça-feira, 9 de junho de 2020

Resumo: "A esquerda que não teme dizer o seu nome" de Vladimir Safatle


SAFATLE, Vladimir. A esquerda que não teme dizer o seu nome. São Paulo: Três Estrelas, 2012.

INTRODUÇÃO
- Há o elogio ao fato de Lula ter colocado a questão social no centro do debate, mas também critica as alianças espúrias feitas em nome da governabilidade.
- O autor aponta para a estratégia de desqualificar a dicotomia esquerda/direita como forma de legitimar o capitalismo, permitindo no máximo algumas concessões sociais.
- A esquerda não pode petrificar o seu discurso, deve saber como adaptá-lo as demandas que vem surgindo.
- A política não é meramente a arte da negociação, mas também a arte de não abrir mão de certas coisas e a esquerda deve deixar claro o que não é negociável (15-16).
- A esquerda deve estar atenta para não cair no voluntarismo.
IGUALDADE E A EQUAÇÃO DA INDIFERENÇA
-“ [...] a luta contra a desigualdade social e econômica é a principal luta politica. Ela submete todas as demais (p. 21).
- Safatle cita que entre 1973 e 1995 o PIB per capta dos EUA cresceu 36% mas os salários dos não-executivos caiu 14% (22).
- Os liberais costumam a rechaçar a igualdade usando o argumento da meritocracia, que se controlada impediria a inovação, entretanto, a Escandinávia com seus altos níveis de igualdade é uma das regiões com mais inovações no mundo (25).
- Os 0,1% mais bem pagos do Reino Unido recebiam 1,3% dos salários em 1979. Em 2011 passou para 5% e se nada for feito chegará a 14% em 2030 (26).
- Mesmo assim a direita tenta deslegitimar a luta de classes. Warren Buffet teria dito que: “É verdade que há uma guerra de classes, mas é a minha classe que está fazendo a guerra e ganhando” (26).
- Ele também bate na tecla de que o multiculturalismo acabou secundarizando a luta de classes. (28)
-  A própria direita usa isso hoje como arma quando ataca minorias por exemplo, deixando problemas econômicos como questões secundárias, ou mesmo sequer tocando nisso (28).
- “A equação das diferenças, tão presente nas dinâmicas multiculturais, parte da seguinte questão: até onde podemos suportar uma diferença? Esta é, no entanto, uma péssima questão. Parte-se do pressuposto de que vejo o outro primeiramente a partir de sua diferença à minha identidade. Como se minha identidade já estivesse definida e simplesmente se comparasse a dos outros. Nada mais falso.” (29).
-“ Indiferença as diferenças” seria aceitar todas elas. Expressão perigosa dependendo de onde se fale.
SOBERANIA POPULAR OU DEMOCRACIA PARA ALÉM DO ESTADO DE DIREITO
- Há de se deixar para trás a sacralização do “Estado de Direito”. Se ele é injusto deve haver rebelião.
- “A verdadeira democracia é medida, na verdade, pela possibilidade dada ao poder instituinte de manifestar-se e criar novas regras e instituições. Não é só em eleições que tal poder se manifesta.” (p. 55).
DOS TEMPOS DAS IDEIAS
- É preciso desmontar essa visão positivista de que as ideias evoluem em linha reta. O republicanismo, por exemplo, era inconcebível na Europa Feudal por exemplo e hoje é a principal forma de governo no mundo. Ou seja, ele deu errado muitas vezes até dar certo. Com o socialismo a lógica é a mesma.
- A ideia de indivíduo não é única, diferente do que os liberais defendem.
- Essa lógica individualista é exclusiva. Quem não se adequa aos padrões morais, econômicos e sociais dela tende a ser expelido. Um bom exemplo é os EUA onde há uma exacerbação da individualidade, e ao mesmo tempo cresce a onda xenófoba.
- O individualismo liberal, para ser mais suportável, busca sustentação na religião e muitas vezes a usa para escapar de debates sociais.
- A esquerda deve tomar cuidado com a falsa dicotomia Reforma X Revolução.
- A Revolução não pode ser encarada como única mudança verdadeira, legítima, assim como não pode ser demonizada por causa do número de mortes e destruição que venha a causar.
- Muitas mudanças, no acumulado, podem causar mais efeitos que uma revolução, o que não descarta a necessidade desta em algum momento.
- Revoluções são de fato incontroláveis e imprevisíveis. Isso não pode ser usado pela esquerda como argumento contrário a elas.
- A esquerda deve construir uma teoria de governo que não fique presa ao voluntarismo.
- “[...] a pior técnica é aquela que mimetiza a lógica do adversário” (79).
- Quando um governo de esquerda adota práticas da direita, ou cai de cabeça na corrupção ou no totalitarismo.
- O indivíduo não é a medida de todas as coisas, mas não quer dizer que ele não meça coisa alguma.
CONCLUSÃO
- O livro é apenas uma introdução para a reorganização das lutas da esquerdas.

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