sábado, 13 de junho de 2020

Resumo do livro "A ditadura derrotada" de Elio Gaspari


GASPARI, Elio. A ditadura derrotada. 2. Ed. Rio de Janeior: Intríseca, 2014.
Neste livro o autor se propõe a narrar o mandato de Ernesto Geisel e sua relação com Golbery do Couto e Silva. Mais do que isso, ele propõe o entendimento dessas duas figuras para que seja possível compreender as causas da conturbada abertura iniciada em 1974.
Primeira Parte
O autor se dedicou a uma análise da vida dos dois personagens, começando por Geisel. Ernesto nasceu em uma família pobre e seu pai via o ingresso dos filhos homens nas Forças Armadas como uma boa chance de ascensão financeira e social. Um fato curioso é que um prêmio ganho por seu pai na loteria atenuou os problemas financeiros familiares de forma considerável. Ernesto guardava o bilhete de lembrança.
Ele participou da Revolução de 1930 e se tornou secretário da Fazenda da Paraíba. Ele já demonstrava ser um homem retraído e via com maus olhos a participação popular na tomada de decisões. Participou da Revolução de 1932, mas não foi lutar na Segunda Guerra Mundial. Fato importante de destacar é que ele nutria simpatia pela extrema direita.
A partir de 1945 se especializou no golpismo. Ajudou na retirada de Vargas do poder e ficou em cima do muro em 1954. Apoiou a tentativa de barrar a posse de Juscelino Kubitscheck em 1955, a de Jango em 1961 e desde 1962 já participava de reuniões conspiratórias para o golpe.
Era um ferrenho anticomunista. Sua visão de mundo inclusive atrapalhou negócios brasileiros com a União Soviética de trocar bens de consumo por petróleo. Com relação a sua retração, um episódio que acabou contribuindo para o aumento foi a morte de um filho em 1957. Antes de ocupar a presidência da república teve rusgas com Costa e Silva, ocupou a presidência da Petrobrás e cargo no Superior Tribunal Militar.
Gaúcho como Geisel, Golbery não vinha de família pobre. Era oriundo dos estratos médios da sociedade de Rio Grande. Era um conservador, mas não tão próximo da extrema direita como Ernesto. Golbery era um intelectual, entretanto se achava mais genial do que de fato era. Sua participação na ESG, IPÊS, SFICI e depois na edificação do SNI mostram o seu poderio. Assim como Geisel gostava de uma alternativa golpista, mas pelo menos não expressava desprezo pela participação popular na tomada de decisões (o que não quer dizer também aprovava incondicionalmente).
Para chegar à presidência, Geisel contou com a ajuda de seu irmão Orlando. Mas após pouco tempo eles entraram em atrito e a relação dos dois jamais foi a mesma. Geisel logo no início de seu governo destruiu os sonhos de Delfim Netto de se tornar governador de São Paulo e posteriormente presidente. O envolvimento do “guru do milagre” em casos de corrupção facilitaram a vida do presidente.
Geisel se mostrou favorável ao extermínio dos guerrilheiros do Araguaia. Golbery não era apoiador nem da tortura e muito menos do extermínio, mas não se opôs fortemente a eles.
Aos poucos a pressão da Igreja Católica foi surtindo efeito. As torturas e os desaparecimentos foram diminuindo, até que entrou em cena a “linha dura”. Eles estavam lotas em sua maioria em órgãos de informação como o SNI querendo esquentar as coisas novamente. E começaram elegendo um novo inimigo: o PCB.
O PCB não estava envolvido na luta armada e a maioria de seus integrantes nem estavam na clandestinidade. Ainda assim foram enquadrados como “ameaça” ao regime. A trágica Chacina da Lapa em 1976 que ceifou a vida de três integrantes do partido é um exemplo da opção covarde da linha dura. Geisel e Golbery perceberam o monstro que tinham criado e com paciência e movimentos cirúrgicos foram “podando” o SNI.
Em novembro de 1974 veio das urnas o resultado arrasador da inflação e da má qualidade de vida dos mais pobres. Inicialmente o governo previra que ganharia de 18 a 22 cadeiras na disputa pelo senado. O resultado: MDB 26 X 6 ARENA. A cúpula do regime não enxergou o que de fato levou a fragorosa derrota. Geisel culpava o povo de não saber votar, João Figueiredo foi além e taxou os eleitores de “povo de merda”.
Eles também jogaram a culpa no presidente da ARENA, Petrônio Portela. Ele não teria sido capaz de enxergar as potencialidades do MDB. Geisel preferiu num primeiro momento aceitar o resultado. Enquanto isso a linha dura mostrava força prendendo e torturando sem motivo aparente a economista Maria da Conceição Tavares. O que foi ainda pior foi a audácia da linha dura. Quando Geisel e Golbery pediram informações sobre ela no SNI eles informaram que não havia ninguém lá presa com esse nome.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Volta às aulas em plena pandemia. Mais um capítulo da cruzada de ódio contra os professores

  Alguns políticos de direita defendem que a volta às aulas tem que ocorrer mesmo sem a vacinação dos professores, de que a saúde mental das...